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Bela, Morena e Trêmula   

O rei Aedh Cúrucha vivia em Tir Conal e tinha três filhas cujos nomes eram: Bela, Morena e Trêmula. Bela e Morena tinham vestidos novos e iam à igreja todos os domingos. Trêmula era obrigada a ficar em casa para cozinhar e trabalhar. Não a deixavam sair da casa de jeito nenhum, isso porque ela era mais bonita do que as outras duas, e estas receavam que Trêmula se casasse antes delas.

 

As coisas ficaram nesse pé durante sete anos. Ao cabo desses sete anos, o filho do rei de Omanya se apaixonou pela irmã mais velha. Num domingo de manhã, depois que as outras duas foram à igreja, a mulher das galinhas foi ao encontro de Trêmula na cozinha e disse: "É na igreja que você deveria estar hoje, em vez de ficar trabalhando em casa".

"Como eu poderia ir?", Trêmula disse. "Não tenho roupas que sirvam para ir à igreja. E, se as minhas irmãs me vissem lá, me matariam por ter saído de casa."

"Vou lhe dar um vestido muito mais lindo que qualquer outro que as duas tenham visto", a mulher das galinhas disse. "E agora me diga que vestido você quer."

"Quero", Trêmula disse, "um vestido branco como a neve e sapatos verdes para os meus pés."

Então a mulher das galinhas vestiu um manto negro, cortou um pedaço das roupas velhas que a jovem estava usando e pediu o vestido mais branco do mundo, o mais bonito que se pudesse encontrar, e um par de sapatos verdes. Num instante ela estava com o vestido e os sapatos, e os levou para Trêmula, que os colocou.

Quando Trêmula estava vestida e pronta, a mulher das galinhas disse: "Tenho aqui um passarinho indicador de bico fino para pôr no seu ombro direito e um indicador de bico aguçado para pôr no esquerdo. Na porta está uma égua branca como leite com uma sela de ouro para você se sentar e uma rédea de ouro para você segurar".

Trêmula se sentou na sela de ouro. Quando estava prestes a partir, a mulher das galinhas disse: "Não entre na igreja. No momento em que as pessoas se levantarem no final da missa, você trate de voltar para casa o mais depressa que a égua puder correr".

 

Quando Trêmula chegou à porta da igreja, nenhum dos que lá se encontravam conseguia vê-la direito, mas todos se esforçavam para saber quem ela era. E, quando a viram retirando-se a toda pressa no final da missa, saíram correndo para alcançá-la. Mas de nada adiantou aquela correria: Trêmula já estava longe antes que algum homem pudesse se aproximar dela. Do instante em que partira da igreja até chegar em casa, ela ultrapassou o vento que ia na sua frente, deixando na rabeira o vento que ia atrás. Ela desmontou na porta de casa, entrou e viu que a mulher das galinhas tinha preparado o jantar. Trêmula tirou os trajes brancos e, num piscar de olhos, já estava com o vestido velho.

 

Quando as duas irmãs chegaram em casa, a mulher das galinhas perguntou: "Vocês têm alguma novidade da igreja para contar?".

"Temos grandes notícias", disseram. "Vimos uma bela e maravilhosa dama à porta da igreja. Nunca vimos roupas como as que ela estava usando. As nossas roupas não eram nada se comparadas às dela. E não houve um homem na igreja, desde o rei até o mendigo, que não tentasse olhar para ela e descobrir quem era."

As irmãs não deram sossego enquanto não arranjaram dois vestidos como os da dama desconhecida. Mas não foi possível encontrar os passarinhos indicadores.

 

No domingo seguinte as duas irmãs foram à igreja novamente e deixaram a mais nova em casa para preparar o jantar. Depois que elas saíram, a mulher das galinhas veio e perguntou "Você vai à igreja hoje?".

"Eu iria", Trêmula disse, "se tivesse condições de ir."

"Que vestido você vai usar?", a mulher das galinhas perguntou.

"O do mais fino cetim preto que se puder encontrar, e sapatos vermelhos para os meus pés."

"De que cor você quer que a égua seja?"

"Quero que seja preta, e tão lustrosa que eu possa ver a minha imagem refletida no seu pêlo."

A mulher das galinhas pôs o manto negro e pediu a roupa e os sapatos. No mesmo instante ela já estava com eles.

Depois que Trêmula se vestiu, a mulher das galinhas colocou o indicador de bico fino no seu ombro direito e o indicador de bico aguçado no esquerdo. A sela e a rédea da égua eram de prata. Quando Trêmula se sentou na sela e estava prestes a partir, a mulher das galinhas lhe deu ordens expressas para que não entrasse na igreja, para que fosse embora o mais depressa possível, tão logo as pessoas se levantassem no final da missa, e fosse para casa na égua, antes que algum homem pudesse detê-la.

 

Naquele domingo as pessoas ficaram mais espantadas do que nunca, olharam para ela de forma mais insistente do que da primeira vez, e só pensavam em descobrir quem era ela. Mas disso não tiveram a mínima chance, porque, no momento em que se levantaram no final da missa, ela já estava na sela de prata e correndo para casa antes que algum homem pudesse detê-la. A mulher das galinhas tinha preparado o jantar. Trêmula tirou a roupa de cetim e vestiu as suas roupas velhas antes de as irmãs voltarem para casa. 


"Que novidades vocês têm hoje?", a mulher das galinhas perguntou quando as irmãs voltaram da igreja. "Oh, vimos novamente a distinta dama desconhecida! E nenhum homem poderia pensar em nossos vestidos, depois de ter visto os trajes de cetim que ela usava! E na igreja todos ficaram de boca aberta, olhando para ela, e nenhum homem olhava para nós." As duas irmãs não deram nem descanso nem paz enquanto não conseguiram as roupas mais parecidas com as da dama desconhecida que puderam encontrar. Evidentemente não eram tão boas, porque na Irlanda não se podiam encontrar roupas como aquelas.

 

Chegado o terceiro domingo, e Bela e Morena foram à igreja vestidas de cetim preto. Elas deixaram Trêmula em casa para trabalhar na cozinha e lhe disseram que cuidasse para que o jantar estivesse pronto quando voltassem. Quando já estavam longe, a mulher das galinhas foi à cozinha e disse: "Bem, minha querida, você vai à igreja hoje?".

"Eu iria se tivesse um vestido novo para usar."

"Consigo qualquer vestido que você pedir. Que vestido você gostaria de usar?", a mulher das galinhas perguntou.

"Um vestido vermelho como uma rosa da cintura para baixo, e branco como a neve da cintura para cima. Um manto verde nos ombros e um chapéu na cabeça, com uma pena vermelha, uma branca e outra verde. E sapatos para os pés, com as pontas vermelhas, a parte do meio branca, e a parte de trás e os saltos verdes."

A mulher das galinhas pôs o manto negro, desejou todas aquelas coisas e logo as obteve.

Quando Trêmula estava vestida, a mulher das galinhas pôs o indicador de bico fino no seu ombro direito, o indicador de bico aguçado no esquerdo e, colocando o chapéu na sua cabeça, cortou com sua tesoura alguns fios de cabelo de uma mecha e alguns de outra, e naquele mesmo instante os mais belos cabelos dourados se derramaram sobre os ombros da jovem. Então a mulher das galinhas lhe perguntou que tipo de égua ela queria montar. Ela disse branca, com manchas azuis e douradas em forma de diamante por todo o corpo, uma sela de ouro no dorso e uma rédea de ouro na cabeça. A égua ficou diante da porta, com um passarinho pousado entre as orelhas, que começou a cantar tão logo Trêmula se sentou na sela, e não parou até a jovem voltar da igreja.

 

A fama da bela dama desconhecida correra o mundo, e todos os príncipes e grandes homens que nele havia foram à igreja naquele domingo, cada um na esperança de ser quem a levaria para casa depois da missa. O filho do rei de Omanya se esqueceu completamente da irmã mais velha e ficou na frente da igreja para agarrar a dama desconhecida, antes que ela pudesse fugir. 


A igreja estava mais cheia do que nunca, e havia três vezes mais pessoas do lado de fora. Havia tal multidão na frente da igreja que Trêmula mal pôde entrar pelo portão. Logo que as pessoas começaram a se levantar no final da missa, a dama escapuliu pelo portão, e num instante já estava na sela de ouro, correndo desabaladamente adiante do vento. Mas, enquanto ela corria, o príncipe de Omanya estava ao seu lado e, pegando-a pelo pé, correu com a égua por cento e cinquenta metros. Ele não a largou até que o sapato da bela dama saísse do seu pé. Ele ficou para trás, com o sapato na mão. Ela chegou em casa tão depressa quanto a égua a pôde levar, pensando o tempo todo que a mulher das galinhas iria matá-la por ter perdido o sapato.

 

Vendo-a tão contrariada e transtornada, a velha senhora perguntou: "Qual é o seu problema agora?".

"Oh! Perdi um dos sapatos, que saiu do pé", Trêmula disse.

"Não se preocupe com isso, não se aborreça", a mulher das galinhas disse. "Talvez tenha sido a melhor coisa que poderia acontecer."

Então Trêmula devolveu à mulher das galinhas tudo que recebera, vestiu suas roupas velhas e foi para a cozinha trabalhar.

 

Quando as irmãs chegaram em casa, a mulher das galinhas perguntou: "Vocês têm alguma notícia da igreja?". "Temos sim", disseram. "Pois assistimos ao maior dos espetáculos. A dama desconhecida apareceu novamente, e em trajes mais imponentes do que antes. Nela própria e no cavalo que ela montava havia as mais belas cores do mundo, e entre as orelhas do cavalo havia um passarinho que não parou de cantar desde que ela chegou até ir embora. A própria dama é a mulher mais bonita que jamais se viu na Irlanda."

 

Depois que Trêmula desapareceu da igreja, o filho do rei de Omanya disse aos outros filhos de reis: "Essa dama há de ser minha".

Todos os outros disseram: "Você não a ganhou só por ter tirado o sapato do pé dela. Terá que conquistá-la com a ponta da espada. Vai ter que lutar contra nós, antes de dizer que ela lhe pertence".

"Bem", o filho do rei de Omanya disse, "quando eu encontrar a dama em cujo pé este sapato sirva, lutarei por ela, não se preocupem, antes de deixá-la para qualquer um de vocês."

Então todos os filhos de reis ficaram incomodados e ansiosos para saber quem tinha perdido o sapato. Começaram a percorrer toda a Irlanda para tentar encontrá-la. O príncipe de Omanya e todos os demais seguiram juntos, em grande comitiva, e andaram por toda a Irlanda. Foram a todas as partes — norte, sul, leste e oeste. Visitaram todos os lugares onde houvesse uma mulher, e não deixaram de procurar em nenhuma casa do reino, para ver se achavam a mulher em cujo pé o sapato servisse, sem se preocupar com o fato de ela ser rica ou pobre, de alta ou de baixa classe.


O príncipe de Omanya sempre levava consigo o sapato. Quando as jovens o viam, enchiam-se de grandes esperanças, porque ele era de um tamanho normal, nem grande nem pequeno, e nenhum homem saberia dizer de que material era feito. Uma achava que o sapato serviria se cortasse um pedacinho do dedo grande; outra, cujo pé era muito curto, enfiava alguma coisa na ponta da meia. Mas de nada adiantava: elas apenas feriam os pés, que só se curaram meses depois.

 

As duas irmãs, Bela e Morena, ouviram dizer que os príncipes de todo mundo estavam procurando por toda a Irlanda a mulher em cujo pé o sapato servisse, e todos os dias só falavam de experimentá-lo. E um dia Trêmula levantou a voz e disse: "Talvez esse sapato sirva no meu pé". "Oh, ao diabo com você! Por que você diz isso, se ficou em casa todos os domingos?" Assim elas ficaram esperando e repreendendo a irmã mais nova até os príncipes chegarem perto daquela casa.

 

No dia em que deveriam ir lá, as irmãs trancaram Trêmula dentro de um quartinho. Quando a comitiva chegou à casa, o príncipe de Omanya deu o sapato às irmãs. Mas, embora elas tenham tentado e tornado a tentar, o sapato não serviu em nenhuma das duas. "Há outra jovem nesta casa?", o príncipe perguntou.

"Há sim", Trêmula disse de dentro do quartinho. "Estou aqui."

"Oh! Ela está aqui só para tirar as cinzas do borralho", as irmãs disseram.

Mas o príncipe e os outros não quiseram ir embora sem vê-la. Então as duas irmãs tiveram que abrir a porta.

 

Quando Trêmula saiu, deram-lhe o sapato, que serviu direitinho. O príncipe de Omanya olhou para ela e disse: "Você é a mulher em quem o sapato serve e a mulher de quem o tirei". Então Trêmula falou: "Espere aqui até eu voltar". Então ela foi para a casa da mulher das galinhas. A velha pôs o manto negro, conseguiu todas as coisas que lhe tinha dado no primeiro domingo na igreja, colocou-a na égua branca, como da primeira vez. Então Trêmula cavalgou pela estrada até a frente da sua casa. Todos os que a viram naquele primeiro domingo disseram: "Aquela é a dama que vimos na igreja". Então ela saiu novamente, e nessa segunda vez voltou com a égua preta, vestida no segundo vestido que a mulher das galinhas lhe dera. Todos que a viram no segundo domingo disseram: "Esta é a dama que vimos na igreja". Uma terceira vez ela pediu licença e logo voltou montada na terceira égua, com o terceiro vestido. Todos que a viram da terceira vez disseram: "Esta é a mulher que vimos na igreja". Todos se declararam satisfeitos, convencidos de que ela era a mulher.


Então todos os príncipes e homens eminentes disseram ao filho do rei de Omanya. "Agora você vai ter que lutar por ela, para poder levá-la com você".

"Cá estou eu diante de vocês, pronto para o combate", o príncipe respondeu.

Então o filho do rei de Lochlin deu um passo à frente. A luta começou, e foi uma luta terrível. Lutaram durante nove horas. Então o filho do rei de Lochlin parou, renunciou a suas pretensões e abandonou o campo.

 

No dia seguinte, o filho do rei da Espanha lutou durante seis horas e terminou por desistir. No terceiro dia, o filho do rei de Nyerfói lutou durante oito horas e parou. No quarto dia, o filho do rei da Grécia lutou por seis horas e parou. No quinto dia, nenhum príncipe estrangeiro quis lutar. E todos os filhos dos reis da Irlanda disseram que não iriam lutar contra um homem da sua própria terra; disseram também que os estrangeiros já tinham tentado a sorte — e, como não apareceu mais ninguém para reclamar a mulher, ela passou a pertencer, por direito, ao filho do rei de Omanya.

Marcou-se o dia do casamento e enviaram-se os convites. A festa de casamento se prolongou por um ano e um dia. Terminada a festa, o filho do rei levou a noiva para casa, e no devido tempo nasceu um filho. A jovem mulher mandou chamar sua irmã mais velha, Bela, para ficar com ela e ajudá-la. Certo dia, quando Trêmula estava bem disposta e o seu marido estava fora caçando, as duas irmãs saíram para dar um passeio. Quando chegaram à praia, a mais velha a empurrou para dentro do mar. Uma grande baleia a engoliu. A irmã mais velha voltou para casa sozinha, e o marido perguntou: "Onde está sua irmã?".

"Ela foi para a casa do pai em Ballyshannon. Agora que estou bem, não preciso mais dela."

"Bem", o marido disse olhando para ela. "Desconfio que foi a minha mulher quem partiu."

"Oh, não!", ela disse. "Quem partiu foi a minha irmã Bela."

Como as irmãs eram muito parecidas, o príncipe ficou na dúvida. Naquela noite o príncipe pôs a espada entre eles e disse: "Se você é a minha mulher, esta espada vai ficar quente. Se não, vai continuar fria". De manhã, quando ele se levantou, a espada estava fria como quando ele a pusera ali.

 

Quando as duas irmãs andavam à beira-mar, um pequeno vaqueiro que estava perto da praia vigiando o gado viu Bela empurrar Trêmula no mar. No dia seguinte, quando a maré subiu, ele viu a baleia vir à superfície da água e jogá-la na areia. Quando ela estava na areia, disse ao vaqueiro: "Quando você voltar para casa à noite com as vacas, diga ao patrão que a minha irmã Bela me empurrou no mar ontem; que uma baleia me engoliu e depois me jogou para fora, mas vai voltar novamente e me engolir na próxima maré alta; ela vai embora com a maré baixa, vai voltar na maré alta de amanhã e me jogar de novo na praia. A baleia vai me jogar na praia três vezes. Estou enfeitiçada por essa baleia, e não posso sair da praia nem fugir. Se o meu marido não me salvar antes que eu seja engolida uma quarta vez, estarei perdida. Ele deve vir e atirar na baleia com uma bala de prata quando ela erguer o corpo. Sob a barbatana peitoral da baleia há uma mancha marrom avermelhada. Meu marido deve atingi-la nessa mancha, pois é o seu único ponto vulnerável".

 

Quando o vaqueiro chegou em casa, a irmã mais velha lhe deu uma poção de esquecimento, e ele não contou nada. No dia seguinte ele foi novamente para o mar. A baleia veio e atirou Trêmula na praia outra vez. Ela perguntou ao rapaz. "Você contou ao seu patrão o que eu lhe disse para contar?".

"Não contei", disse. "Eu me esqueci."

"Como você esqueceu?", ela perguntou.

"A mulher da casa me deu uma bebida e me fez esquecer."

"Bem, não se esqueça de dizer a ele esta noite. Quando ela lhe der uma bebida, não aceite."

 

Logo que o vaqueiro chegou em casa, a irmã mais velha lhe ofereceu uma bebida. Ele se recusou a tomá-la até ter dado o recado, e contou tudo ao patrão. No terceiro dia o príncipe saiu com a arma carregada com uma bala de prata. Mal ele chegou à beira-mar, a baleia se aproximou e jogou Trêmula na praia, como fizera nos dois dias anteriores. Ela só podia falar depois que o marido matasse a baleia. Então a baleia saiu, ergueu o corpo completamente e mostrou a mancha por um instante apenas. Foi aí que o príncipe atirou. Ele tinha apenas uma chance, e ainda por cima muito pequena. Mas arriscou e acertou na mancha.

 

A baleia, louca de dor, tingiu as águas do mar à sua volta com o vermelho do seu sangue e morreu. Naquele mesmo instante Trêmula já pôde falar, e foi para casa com seu marido, que mandou contar ao pai dela o que a irmã mais velha havia feito. O pai veio e disse que o príncipe podia dar a morte que quisesse à sua filha. O príncipe disse ao pai que deixaria a seu critério a morte ou a vida da filha. O pai mandou que a jogassem no mar, dentro de um barril, com provisões para sete anos.

 

No devido tempo, Trêmula deu à luz um segundo bebê, desta vez uma menina. O príncipe e ela mandaram o vaqueiro para a escola, educaram-no como se fosse seu próprio filho. O príncipe disse: "Se a menininha que tivemos sobreviver, ela será dele, e de nenhum outro homem em todo o mundo". O vaqueiro e a filha do príncipe seguiram sua vida até se casarem. A mãe disse ao marido: "Você só pôde me salvar da baleia por causa do pequeno vaqueiro. Por isso não reluto em lhe dar a minha filha".

 

O filho do rei de Omanya e Trêmula tiveram catorze filhos e viveram felizes até os dois morrerem de velhice. 

* Esse texto foi retirado do livro 103 Contos de Fadas, de Angela Carter - Companhia das Letras.  

Joseph Jacobs (1954-1912): foi um folclorista, crítico literário e escritor australiano que passou grande parte de sua vida na Inglaterra. Estudou o folclore e os contos provenientes desse país e é famoso especilmente por suas coletâneas "Contos de Fada Ingleses" (1890), "Contos de Fada Celtas" (1892), "Mais Contos de Fada Ingleses" (1984) e "Mais Contos de Fada Celtas" (1894).     

Anotações

Bela, Morena e Trêmula representa uma variante do conto de fada Cinderela, contado por Perrault e pelos Irmãos Grimm, em diferentes versões.

Outra variante desse conto, ainda mais antiga, é a do Pentamerone, de Basílio (de 1634), cujo título é La gatta cenerentola.   

O conto Pele de Asno, também de Perrault, traz alguns elementos semelhantes à Cinderela.  

Nesse conto, a mulher que cuidava das galinhas representa o equivalente céltico da fada madrinha. Na Irlanda e na Escócia, os contadores de histórias evitavam usar o termo "feiticeira" e usavam "mulher pássaro" ou "mulher das galinhas" em seu lugar. Assim também como evitavam usar a palavra "fada", substituindo por "povo verde" ou "povo da colina". 

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